quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Dogma 95

Como prometido, aqui vai minha primeira dica.

O cinema conheceu em sua história várias escolas, várias correntes. O mais famoso exemplo talvez seja a Nouvelle Vague, movimento francês liderado por figuras como Godard e Truffaut, e que foi em grande parte responsável por elevar o cinema ao status de arte. Temos ainda a ramificação no cinema do movimento surrealista, onde temos grande destaque para as obras-primas que Luis Buñuel realizou em conjunto com Salvador Dalí, Um Cão Andaluz e A Idade do Ouro; e o conhecido expressionismo alemão da década de 20, escola responsável por pérolas como O Gabinete do Dr. Caligari, Nosferatu e Metrópolis.

Mas provavelmente, entre todos esses, o movimento que eu mais goste seja o Dogma 95. Eis seus dez preceitos:

- Filmar em locações, sem cenários

- Filmar com som direto e sem trilha sonora

- Usar câmara no ombro

- Filmar em cores e sem iluminação artificial

- Abolir filtros e trucagens

-Abolir ações superficiais (assassinatos, armas, etc.)

- Sem referências temporais ou geográficas

- Os filmes de gênero são inaceitáveis

- O filme deve ter versão final em 35 mm.

- O diretor não deve ser creditado


O resultado de tudo isso é uma estética dialeticamente oposta à que Hollywood nos acostumou e filmes aos quais dificilmente nos ajustamos. E o mais interessante: trata-se de um choque não somente sobre a concepção comercial de cinema, mas mesmo sobre o que a maioria de nós entende como cinema artístico. Afinal, estamos imensuravelmente longe da estética impecável e deliciosa de um Tarkovsky ou mesmo de um Bertolucci.

O principal articulador dessa idéia maluca é Lars von Trier (um dos meus cineastas favoritos), diretor dinamarquês que tornou-se mundialmente reconhecido com obras posteriores ao movimento Dogma, principalmente Dogville, de 2003, estrelado por Nicole Kidman. Recentemente realizou o que talvez seja o terror mais agoniante, explícito e bem acabado – e ao mesmo tempo lindo – de todos os tempos: Anticristo, um dos meus filmes favoritos, embora eu absolutamente não o recomende a todos.
Curiosamente, Anticristo, seu último filme, é dedicado a Tarkovsky.


A quem tiver curiosidade de conferir o que foi o Dogma 95, recomendo Os Idiotas, filme de Lars von Trier de 1998 – mas não esperem algo divertido ou minimamente agradável; ao contrário, preparem-se para um espanto em todos os sentidos do termo; ou, pelo menos, para duas horas bem cansativas.

3 comentários:

  1. oie avatar, adorei seu blog! tb estou aqui para te convidar a visitar o meu: leituraesperta.blogspot.com! :) beijos

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Dogma 95 está longe de ser cansativo. Talvez chocante para olhos sensíveis

    http://crisdelua.tumblr.com/

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