sexta-feira, 9 de abril de 2010

Juno


• título original:Juno
• gênero:Comédia
• duração:01 hs 36 min
• ano de lançamento:2007
site oficial:http://www.foxsearchlight.com/juno
• estúdio:Fox Searchlight Pictures / Mandate Pictures / Mr. Mudd
• distribuidora:Fox Searchlight Pictures
• direção: Jason Reitman
• roteiro:Diablo Cody
• produção:Lianne Halfon, John Malkovich, Mason Novick e Russell Smith
• música:Matt Messina
• fotografia:Eric Steelberg
• direção de arte:Michael Diner e Catherine Schroer
• figurino:Monique Prudhomme
• edição:Dana E. Glauberman
elenco:
• Ellen Page (Juno MacGuff)
• Michael Cera (Paulie Bleeker)
• Jennifer Garner (Vanessa Loring)
• Jason Bateman (Mark Loring)
• Allison Janney (Bren MacGuff)
• J.K. Simmons (Mac MacGuff)
• Olivia Thirlby (Leah)
• Eileen Pedde (Gerta Rauss)
• Rainn Wilson (Rollo)
• Daniel Clark (Steve Rendazo)
• Darla Vandenbossche (Mãe de Bleeker)
• Aman Johal (Vijay)
• Valerie Tian (Su-Chin)
Nota: 4,8 (categoria/parâmetro: drama leve)

Nada mais do que um ótimo filme despretensioso para tardes chuvosas, Juno conseguiu grande sucesso entre o público adolescente. Diz-se dele que é pouco convencional, já que, longe de retratar a tão maçante elite juvenil, o garotão de corpo moldado por anabolizantes e a menina de corpo moldado por navalhas, ambos extrovertidos e descolados, longe de buscar bilheteria através de clichês dos filmes teens, corpos impudicos, imoralidades, músicas badaladas e um humor que não podemos nem chamar de negro (porque isso seria um incabível elogio), mas talvez de marrom; longe de tudo isso, Juno retrata uma garota absurdamente normal (sim, ela é estranha, mas ela é tão normal exatamente por ser estranha) e um garoto mais normal ainda que fazem sexo uma vez (com toda a naturalidade que é cabível a isso, ou seja, o sexo é visto sob uma perspectiva amoral). Além disso, o ambiente familiar é coeso à nossa era; pais separados, uma madrasta que não é retratada de modo tirânico, não há idealização, não há sentimentalismo exacerbado, tudo é mostrado com a devida leveza e com uma boa dose do clássico rock’n roll. Filmes trash e cultura pop dão o contorno a essa obra que, de tão fora dos eixos, consegue estar muito mais dentro dos eixos do que tantos filmes que abordam semelhante contexto.
De fato, todos esses elogios são válidos. E eu acrescentaria até mais; realçaria alguns momentos preciosos, como quando Juno está na clínica de aborto e se sente transtornada com o fato de todos a sua volta estarem fazendo algo com as suas unhas – afinal, seu bebê já tem unhas nos dedos! –, ou alguma passagem pouco convencional do ponto de vista formal, como quando Juno descreve o secreto desejo dos garotões pop por moças estranhas, e assistimos a transformação de uma moça pop numa moça estranha através de efeitos da edição.
Contudo, nada disso impede, e em certo nível até ajuda, que Juno se finde em nada mais que um filme despretensioso para tardes chuvosas. Enquanto ganha pontos única e exclusivamente por seu carisma, perde pontos pelo que falta de mais essencial: conteúdo. E profundidade.
O tema da gravidez na adolescência é demasiado delicado, mas tamanha delicadeza não pode poupá-lo do que ele tem de denso. Nesse caso, perde-se em realismo: mesmo que não nos defrontemos com idealizações ou sentimentalismo, nos deparamos perante um filme romântico; um tipo diferente de romantismo. Não é um romantismo que nos quer verter lágrimas, mas sim que, confrontando-nos com nada mais que a superfície de uma questão, nos sussurra ao ouvido: está tudo bem. Mas Juno está grávida. Não está tudo bem.
Entendem o que quero dizer? Juno não parece estar grávida. Nem seu pai a vê como grávida. De fato, ela não está grávida, está “com uma coisa na barriga”. E, quanto mais a projeção vai passando, mais o tema propriamente dito da gravidez vai ficando secundário, cedendo lugar ao ingênuo – porém carismático – amor juvenil, infelizmente não paixão, mas esse amor delicado que une Juno a Bleeker e a faz acreditar que duas pessoas “podem ficar juntas para sempre”. Tudo isso é muito bonito, e quiçá é até mesmo muito sincero; porém é superficial. Os sentimentos humanos, e mais, os complexos e impenetráveis sentimentos juvenis, são abordados como tábuas rasas, são encarados com a simplicidade de contos de fada. E mesmo que os Loring, os pais adotivos, representem uma ramificação realista do enredo, eles nada mais servem que de suporte para a artificialidade pueril do mundo de Juno.
Se Juno é um filme que acerta por não transformar a gravidez na adolescência em um dramalhão, é um filme que peca pelo extremo oposto, ao transformar a gravidez na adolescência em uma história de amor. E se consegue com isso ser extremamente carismático, encantar jovens e provocar-lhes uma profunda empatia, consegue também naturalizar o que de fato é uma aberração.
Gravidez na adolescência não é um tema para tardes chuvosas.

prêmios:

OSCAR
Ganhou
Melhor Roteiro Original

Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor - Jason Reitman
Melhor Atriz - Ellen Page

GLOBO DE OURO
Indicações
Melhor Filme - Comédia/Musical
Melhor Atriz - Comédia/Musical - Ellen Page
Melhor Roteiro

BAFTA
Ganhou
Melhor Roteiro Original

Indicação
Melhor Atriz - Ellen Page

INDEPENDENT SPIRIT AWARDS
Indicações
Melhor Filme
Melhor Diretor
Melhor Atriz - Ellen Page
Melhor Roteiro de Estreia

FESTIVAL DE ESTOCOLMO
Ganhou
Prêmio do Público

FESTIVAL DE GIJÓN
Ganhou
Prêmio Especial do Júri Jovem

6 comentários:

  1. Concordo que o filme não aborda de forma realista a gravidez na adolescencia,tem horas que realmente esquecemos que Juno está gravida e o modo como Bleeker encara a questão da paternidade,como se ele não tivesse feito nada,a cena em que Juno faz o teste de gravidez e a cena em q conta pra ele que está grávida pra mim são ridiculas e totalmente irreais.
    Os Loring não servem de suporte para a artificialidade pueril do mundo de Juno,mostra a questão da adoção,o medo que eles tinham de que Juno se recusasse a entregar a criança depois,sendo que eles ja tinham passado por esse problema antes. Mostra os problemas do próprio casal,que no inicio parece ser o casal perfeito,problemas como a insegurança de Mark que não estava preparado para ser pai e mostra o desejo de ser mãe e a frustração por não conseguir de Vanessa.
    Juno não é como todas as garotas do colégio,ela mesma se considera estranha e não acho que de tão estranha ela se torne comum,acho ela uma personagem diferente,nem estranha e nem comum.
    O filme não é moralista e mostra uma realidade da gravidez na adolescencia que é o aborto muitas vezes como primeira opção e certa naturalidade,é claro que na realidade de um país onde o aborto é legalizado.
    Não se pode esquecer da trilha sonora(com direito até a música brasileira só que em inglês) que é muito foda,crédito especial p Anyone else but you que eu adoroo.
    É interessante também a relação de Juno com Mark,como um se parece com o outro, como se fossem a mesma pessoa só q em gerações diferentes,não sei se consegui explicar.
    Juno mostra uma garota insegura,confusa,irresponsavel e que nos diz em um dialogo com o pai que nem ela mesma sabe que tipo de garota é e isso não é nem um pouco distante da realidade.
    O filme quis tratar a gravidez na adolescencia de forma diferente e eles pecam realmente por isso,de tão diferente foge da realidade,o que é ruim,mas tem o lado positivo também,ele vai atingir um outro tipo de público que talvez não esteja nem um pouco interessado em saber da gravidez na adolescencia(e nem saberá vendo esse filme),mas terá algum contato com essa questão e isso é bom.
    Concordo com muitas das coisas que vc diz,mas discordo de outras e acho que é um filme que vale a pena ser visto não apenas em tardes chuvosas,não é uma obra-prima e nem de longe o melhor filme sobre gravidez na adolescencia,mas merece um 8.5 na minha opinião.

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  2. Adorei seu comentário! Mas você foi pouca precisa em algumas coisas.
    Eu não falei que a Juno é comum. Pelo contrário, ela não é uma pessoa comum (e isso é um ponto positivo pro filme). Eu falei que ela é normal.Se não der pra entender avisa que eu explico melhor.
    Concordo com tudo o que você falou dos Loring, por isso mesmo eu disse que eles são uma ramificação realista do enredo. Mas eles são suporte ao mundo de Juno na medida em que são personagens secundários. Assim, a história deles, mesmo que realista e bem construída, serve de suporte para a história de Juno, que é romântica e absolutamente irreal. Sem a presença tão realista dos personagens de Loring, a personagem de Juno não conseguiria se firmar com tanta consistência - porque eles têm papel fundamental na vida dela.
    A relação de Juno com Mark de fato é muito interessante, e serve para exemplificar isso que eu disse.
    De fato o filme não é moralista e tem uma trilha sonora muito boa - como eu tinha dito. Eu não sabia que tinha música brasileira nele! Qual é?
    Juno, ao mostrar-se uma adolescente indefinida, de fato não está nem um pouco longe da realidade. O que eu disse é que isso não é bem trabalhado. Ela se vê como uma pessoa indefinida, mas nós não a vemos assim. Entendeu o que quero dizer?
    Qual tipo de público você acha que esse filme quer atingir? Discordo do que você disse nesse ponto. Acho que esse filme atinge exatamente os adolescentes, que são exatamente o público que quer e deve entrar em contato com esse tema, e acho que na verdade eles não entram em nenhum contato com essa questão. Ao contrário. E é nisso que reside minha crítica.
    Quando eu digo que é um filme para tardes chuvosas, digo que é um filme descompromissado para relaxar, e realmente é isso que ele é. Não é um filme reflexivo. Mas como ele escapa de todos os erros de um oposto e cai em todos os erros do outro oposto, eu dei pra ele uma nota intermediária. Para um filme ganhar 8,5, ele tem que no mínimo chegar perto do tema que ele se prestou a tratar. E Juno não está nem perto de estar grávida.

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  3. Ta,confundi normal com comum ahahahahaha
    Os Loring são essencias na história sim e acho interessante o modo como o filme falou da adoção e mostrou o lado deles também. Isso é um ponto positivo e na crítica vc nao mostra isso de forma positiva,vc meio que se foca que isso serve de suporte ao mundo de Juno e de fato a personagem de Juno não conseguiria se firmar com tanta consistência sem a presença realista deles e é por isso que a presença deles é mais um ponto positivo do filme,não qeu vc nao considere isso bom,mas vc olha mais p lado negativo,sei lá aushauhsua.
    A música brasileira é "Once I loved(em português "O amor em paz") interpretada por Astrud Gilberto,parece q é do Tom essa música. Também acho que isso filme quer atingir os adolescentes e foi o maior sucesso nesse público,mas discordo que eles queiram entrar em contato com esse tema,deviam,mas acho que não querem,não vi o documentario Meninas,por exemplo,sendo sucesso entre os jovens.
    Ele não é exatamente um filme pra relaxar, ele é um filme sobre um tema complicado,que não aborda isso positivamente,mas também não deixa de abordar. Eu entendi oq vc quis dizer com filme p relaxar,ele é um filme leve,de fácil absorção,mas que provoca reflexão também.
    Acho que a atriz estava fantastica e passou o que queria passar,pelo menos foi o que senti em certas cenas do filme

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  4. Só sei que achei o filme muito bom, a Elle Page é uma excelente atriz, e o filme amei e ainda tem uma música no final que fico na minha cabeça até hoje rsrs, mais gostei e recomendo o filme a JUNO é muito cabeça em relação as meninas do mundo em que vivemos hoje, ela foi bem madura e fiel no seu contrato com a mãe adotiva, eu daria o oscar pra ela também. E a JUNO é linda que minina mais diferente e sincera.

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  5. Eu particularmente achei o Filme muito Bom , ele retrata beem a Reação de uma Adolescente Quanto ao fato de estar gavida tao jovem , mostra tambem que o Aborto não é melhor solução para si resolver o problema , ele de ser encarado de forma realista , ela sabia das consequencias e teve que arcar com a tais.. é realmente desesperador saber de uma gravidez assim quando não se esta esperando !!! Mas a vida continua e mais do que nunca sempre deve - se encarar com gara e força para se lutar e dar uma vida plena e boa que um bebe merece e tem que ter !

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  6. Hum...amei a sua crítica! Creio que devemos entender que a roteirista não tinha a intenção de escrever um roteiro "sério" digamos assim mas um açucarado sobre o amor entre dois adolescentes e acontecimentos coadjuvantes que fazem parte da vida deles! O que é óbvio que ela deixou a gravidez na adolescência como uma parte coadjuvante!

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