quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

King Kong


• título original:King Kong
• gênero:Aventura
• duração:01 hs 34 min
• ano de lançamento:1933
• site oficial:
• estúdio:RKO Radio Pictures Inc.
• distribuidora:RKO Radio Pictures Inc.
• direção: Merian C. Cooper , Ernest B. Schoedsack
• roteiro:James Ashmore Creelman e Ruth Rose, baseado em estória de Merian C. Cooper e Edgar Wallace
• produção:Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack
• música:Max Steiner
• fotografia:J.O. Taylor
• direção de arte:Carroll Clark, Alfred Herman e Van Nest Polglase
• figurino:
• edição:Ted Cheesman
elenco:
• Fay Wray (Ann Darrow)
• Robert Armstrong (Carl Denham)
• Bruce Cabot (John Driscoll)
• Frank Reicher (Capitão Eaglehorn)
• Sam Hardy (Charles Weston)
• Noble Johnson (Chefe nativo)
Nota: 6,0 (parâmetro/categoria: amor impossível)

King Kong é o Avatar de 1933 (ou Avatar é o King Kong de 2010?): inovação tecnológica, enredo vazio e muito sucesso de bilheteria (King Kong arrecadou o recorde de 90 mil dólares na primeira semana de exibição nos EUA).
E nenhuma preocupação com o respeito ao cinema artístico. Aliás, quando o diretor Carl Denham afirma que precisa de uma atriz bonita para seu filme para que ele se torne mais vendável, é exatamente isso o que os diretores de King Kong fazem. O papel de Ann Darrow é o mesmo papel de Fay Wray. E palmas ao cinema comercial! que pelo menos se assume assim...
Também apresenta em semelhança com Avatar o embate entre o homem (norte-americano) e uma civilização desconhecida e rudimentar, e seus resultados catastróficos.

-Através das décadas
É interessante que as três versões de King Kong podem ser usadas para se traçar um panorama do desenvolvimento tecnológico de Hollywood. Desde o processo básico de animação de 1933 que foi um marco dos efeitos especiais, com o modelo de 40 centímetros do gorila extasiando as platéias e ajudando a RKO a escapar da falência, passando pela versão de 1976 (que troca o Empire State, maior prédio do mundo na década de 30, pelo então maior prédio do mundo, as Torres Gêmeas), com uma tecnologia já mais desenvolvida, até a versão mais recente (2005), de Peter Jackson, que conta com uma tecnologia afiadíssima e um King Kong capaz de transmitir feições nitidamente humanas.


Já o roteiro, raso e desconexo, não se aperfeiçoou através das décadas. Quem explica como um diretor conceituado como o tal Carl Denham não tinha sequer uma atriz profissional à sua disposição? E que coincidência que o levou a achar a mulher perfeitamente roubando maçã na sua frente (além de ser lindíssima, ela já atuara em teatro)! Ainda mais interessante ele levar um grupo de filmagem inteiro para um lugar que ninguém sabe qual é (e que está fora dos mapas mas que ele por algum motivo tem certeza absoluta que existe), provavelmente com permissão da marinha para fazer esse tipo de coisa, além disso sem nenhum roteiro para o filme que pretende produzir; e sem contar que há dinossauros naquela tal ilha, mas enfim... nada mal para um filme infanto-juvenil.
Quiçá as versões de King Kong podem ser usadas para traçar um panorama do desenvolvimento geral de Hollywood através de várias décadas: cada vez mais tecnologia e estagnação do conteúdo, da temática e da profundidade dos filmes. Preocupações comercial e artística inversamente proporcionais.

- A Bela e a Fera
King Kong ganha um pouco mais de complexidade e profundidade, podendo até quem sabe nos acrescentar algo, se for encarado como uma releitura crítica de A Bela e a Fera. Enquanto no original, o amor é o suficiente para que a Fera deixe de ser Fera e que os protagonistas sejam felizes para sempre; nessa releitura a Fera é morta pelo seu amor. “Não foram os aviões que o mataram”, diz Carl Denham, “foi a Bela quem matou a Fera”. É algo de fato para se pensar, podendo se constituir metáfora de determinadas questões atuais como discriminação, preconceito, e a sensação de se sentir deslocado socialmente, de não se enquadrar nos padrões. Tudo isso ganha uma abordagem pessimista, mostrando que em nossa realidade as noções tradicionais de estética estão tão arraigadas que escapismos românticos já não bastam para quem é inferiorizado.
Longe de ter seu amor retribuído, como no conto de fadas tradicional, o amor de Kong é usado como isca, e, como qualquer aberração ao sistema, aos conceitos padrões, a Fera é usada como forma de espetáculo, como atração. Outra metáfora.
As referências à Bela e a Fera são muitas e diretas durante o filme. Podemos até encará-lo como uma espécie de sátira. Com um pouco de esforço, até de um Clássico de Massa de Hollywood extraímos coisas importantes para nossas vidas.

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