quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Homem Elefante


• título original:The Elephant Man
• gênero:Drama
• duração:01 hs 58 min
• ano de lançamento:1980
• estúdio:Brooksfilms Inc.
• distribuidora:Paramount Pictures
• direção: David Lynch
• roteiro:Christopher De Vore, Eric Bergren e David Lynch, baseado em livro de Sir Frederick Treves e Ashley Montagu
• produção:Jonathan Sanger
• música:John Morris
• fotografia:Freddie Frances
• direção de arte:Robert Cartwright
• figurino:Patricia Norris
• edição:Anne V. Coates
• efeitos especiais:Effects Associates Ltd.
elenco:
• Anthony Hopkins (Dr. Frederick "Freddie" Treves)
• John Hurt (John Merrick)
• Anne Bancroft (Sra. Kendal)
• John Gielgud (Carr Gomm)
• Freddie Jones (Bytes)
• Hannah Gordon (Anne Treves)
• Helen Ryan (Princesa Alex)
• John Standing (Dr. Fox)
• Lesley Dunlop (Nora)
• Phoebe Nicholls (Mãe de John Merrick)
• Michael Elphick
• Wendy Hiller

Nota impessoal: 1,5
pessoal: 4,5
(parâmetro/categoria: drama)

Uma pessoa desenquadrada socialmente. Os bonzinhos que querem ajudá-lo. Os malvados que querem aproveitar-se às suas custas. Esse formato já realizou muitos filmes, desde o King Kong de 1933 (esse que, coitado, nem ao menos tem alguém que lhe quer ajudar) – passando pelo clássico Edward Mãos de Tesoura, de Tim Burton, e o mais recente O Solista, um filme de qualidade até – culminando em Preciosa, de 2010, história de uma menina gorda, negra e pobre (que está concorrendo a uma porrada de Oscar).
O Homem Elefante é de 1980. Tendo concorrido a oito Oscar, é o exemplar mais bem acabado desse formato. Sentimentalismos, lugares-comuns, artificialidades. Lágrimas. Piedade. Tudo o que o filme consegue nos despertar. Piedade e uma pontada de esperança. Esperança de que os excluídos possam ser humanos.
O que é muito diferente de demonstrar que eles SÃO humanos. Que exclusão é um problema social, cultural: a mancha da segregação em uma estrutura social hierarquizada. Talvez isso pudesse ser melhor demonstrado caso se mantivesse o Homem Elefante da vida real, que foi ele próprio quem teve a idéia de ir para um circo usar sua miséria para ganhar algum dinheiro. Mas David Lynch preferiu um personagem romântico, um objeto alvo da perversão de uns e da piedade de outros, uma massa disforme que devemos admirar por ser disforme, que devemos amar por, apesar de ser disforme, ter a capacidade de amar.
Algumas coisas mostram que a história da humanidade é a história da hipocrisia. O King Kong, por ser uma aberração social, foi parar na Broadway como espetáculo. O Homem Elefante existiu de verdade e também virou espetáculo da Broadway. A vida imita a arte.
E depois virou filme. E, de uma pontada, tudo o que ele tinha de humano se perdeu. De repente, o homem elefante virou, de fato, um homem elefante – ou apenas elefante.

À espera
Temos numericamente mais Homens Elefantes, Frankesteins, Kings Kongs em nossa sociedade atual do que pessoas ditas normais. E não nos cabe passar a mão em suas cabeças e fazê-los acreditar que são normais. Não nos cabe dar-lhes um guarda-chuva para se protegerem do mijo que escorre quente desde o pico da pirâmide social.
Cabe à sociedade subverter seus valores, dissolver a pirâmide, para que cada homem, elefante ou não, seja de fato normal, apenas por ser humano. Para que não precisemos arregalar os olhos de espanto e soltar lágrimas artificiais de piedade cada vez que descobrirmos sob um ser grotesco uma nuvem de inteligência ou emoção. Para que não precisemos aplaudir hipócritas um Homem Elefante que vai ao teatro, ou que lhe ensinemos a decorar trechos da Bíblia, ou que lhe presenciemos falar com refinos de gentleman e servir chá.
Para que um Frederick Treeves não necessite tanto provar aos superiores que seu paciente não é retardado mental.
Estou à espera de um filme que mostre um Homem Elefante que não se enquadre à Inglaterra vitoriana, mas que rasgue o véu moralista e paternalista da rainha e lhe cuspa na cara se ela o achar feio.



John Merrick não precisaria ter dormido deitado para se sentir gente. Não precisaria ter morrido para se tornar humano.




Prêmios:

Oscar 1981
Recebeu 8 indicações nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (John Hurt), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora e Melhor Direção.

Globo de Ouro 1982 (EUA)
Recebeu 4 indicações nas seguintes categorias: Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Ator - Drama (John Hurt) e Melhor Roteiro.

BAFTA 1981 (Reino Unido)
Ganhou 3 prêmios nas seguintes categorias; Melhor Filme, Melhor Ator (John Hurt) e Melhor Direção de Arte.
Indicado em 4 categorias: Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Melhor Edição.

César 1982 (França)
Melhor Filme Estrangeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário