sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Leitor


• título original:The Reader
• gênero:Drama
• duração:02 hs 04 min
• ano de lançamento:2008
• site oficial:http://www.thereader-movie.com/
• estúdio:The Weinstein Company / Neunte Babelsberg Film / Mirage Enterprises
• distribuidora:The Weinstein Company / Imagem Filmes
• direção: Stephen Daldry
• roteiro:David Hare, baseado em livro de Bernhard Schlink
• produção:Donna Gigliotti, Anthony Minghella, Redmond Morris e Sydney Pollack
• música:Nico Muhly
• fotografia:Roger Deakins e Chris Menges
• direção de arte:Christian M. Goldbeck e Erwin Prib
• figurino:Donna Maloney e Ann Roth
• edição:Claire Simpson
• efeitos especiais:RhinoFX / Custom Film Effects
elenco:
• Ralph Fiennes (Michael Berg)
• David Kross (Michael Berg - jovem)
• Jeanette Hain (Brigitte)
• Kate Winslet (Hanna Schmitz)
• Susanne Lothar (Carla Berg)
• Alissa Wilms (Emily Berg)
• Florian Bartholomäi (Thomas Berg)
• Friederike Becht (Angela Berg)
• Matthias Habich (Peter Berg)
• Bruno Ganz (Prof. Rohl)
• Max Mauff (Rudolf)
• Karoline Herfurth (Marthe)
• Lena Olin (Rose Mather / Ilana Mather)
• Alexandra Maria Lara (Ilana Mather - jovem)
• Frieder Venus (Médico)
Nota: 8,5 (parâmetro/categoria: drama)

O Leitor é, antes de tudo, um filme muito humano. É raro não apenas na história do cinema, mas das artes em geral, algo que retrate nazistas como algo mais do que animais sanguinários e estereotipados. Nazista? Hanna Schimitz é nazista? Até esquecemos de encará-la desse modo. Trata-se de um ser humano com fraquezas – não que isso justifique as mortes que causou; nada justifica –, mas não somos nós (muito menos o sistema legal da Alemanha Ocidental) que está aqui para julgar se ela é perdoável ou não.
O filme não é complacente com o movimento nazista; tampouco trata as vítimas judias com descaso (a cena no final do filme em que Michael Berg vai se encontrar com a judia sobrevivente para a qual Hanna deixara seu dinheiro é belíssima). Não se trata, afinal, de um filme político: não é um filme sobre o contexto histórico; é um filme que usa o contexto histórico a seu favor, em prol de seu enredo e da construção psicológica de seus personagens. Assim, ele foge do estereótipo que trazem muitos filmes políticos – principalmente os ambientados nessa época. Mesmo A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, que mostra um nazista como herói, deixa claro que ele é herói porque, afinal das contas, ele não se comportou como nazista. Os demais nazistas são monstros. Hanna Schimitz (personagem que rendeu a Kate Winslet não menos que três prêmios) comportou-se como uma legítima nazista – nazista, ela? – e não é uma “monstra”. O ser humano é muito complexo para que lhe nomeemos com rótulos rasos.
Além de inovar nesse aspecto, O Leitor também inova no desenvolvimento que dá ao relacionamento entre o rapaz de quinze anos e a mulher mais velha. Desde filmes como A Primeira Noite de um Homem esse tipo de relação é retratada não necessariamente como “feio” ou “errado”, mas sempre como uma aberração, algo marginal, fora dos padrões sociais. O Leitor consegue incutir nesse relacionamento a mesma sensibilidade que se imprima em qualquer relação dita “normal” – sem que, por causa disso, esqueçamos que se trata de um jovem com uma mulher mais velha. Podemos dizer que é apenas “peculiar”, não “marginal”.
E o mais interessante são algumas sutilezas que o filme traz. Em uma aula de literatura de Michael ouvimos seu professor afirmar algo notável: a literatura ocidental é construída em torno do segredo. O personagem tem posse de alguma informação que, seja por ímpetos negativos ou positivos, ele toma a decisão de guardar para si.
Ao final, percebe-se que é nisso que se resume o próprio filme. Hanna Schimitz não sabia ler e escrever. Esse segredo poderia alterar todo o curso dos julgamentos, mudaria drasticamente o próprio destino de Hanna. Mesmo assim, Michael decide guardá-lo para si. Por que o faz?
E por que não lhe responde as cartas que ela manda da prisão (ele chega mesmo a escrever, mas joga no lixo)? Por que a trata tão friamente na única vez em que vai visitá-la, quando encontra-se sem outra opção? Culpa? Algum tipo de redemoinho interno que o assolava e que eu não seria capaz de aqui reproduzir? Apelativo fácil do filme para criar sentimentalismo?
O Leitor excede em certos momentos no grau de melodrama, o que é ajudado por uma trilha incidental bem convencional; além de cair no outro excesso que é dirigir aos protagonistas um olhar de piedade que ultrapassa a simples empatia (se não estamos aqui para julgá-los, seria natural que também não aqui estivéssemos para lhes dar a misericórdia). Contudo trata-se incontestavelmente de um bom filme, singular no aprofundamento de seus temas e moldado com muita humanidade.





Prêmios:

Ganhou o Oscar de Melhor Atriz (Kate Winslet), além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.

Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante (Kate Winslet), além de ser indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor e Melhor Roteiro.

Ganhou o BAFTA de Melhor Atriz (Kate Winslet), além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.

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