terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os Incríveis


• título original:The Incredibles
• gênero:Animação
• duração:01 hs 55 min
• ano de lançamento:2004
• site oficial:http://www.theincredibles.com/
• estúdio:Walt Disney Pictures / Pixar Animation Studios
• distribuidora:Buena Vista Pictures
• direção: Brad Bird
• roteiro:Brad Bird
• produção:John Walker
• música:Michael Giacchino
• fotografia:Andrew Jimenez e Janet Lucroy
• direção de arte:
• edição:Stephen Schaffer
elenco:
• Craig T. Nelson (Roberto Pêra / Sr. Incrível)
• Holly Hunter (Helen Pêra / Mulher-Elástica)
• Samuel L. Jackson (Lucius Best / Gelado)
• Jason Lee (Bochecha / Síndrome)
• Dominique Louis (Bomb Voyage)

• Teddy Newton (Narrador)
• Jean Sincere (Sra. Hogenson)
• Wallace Shawn (Gilbert Huph)
• Spencer Fox (Flecha Pêra)
• Lou Romano (Bernie Kropp)
• Sarah Vowell (Violeta Pêra)
• Michael Bird (Tony Rydinger)
• Elizabeth Peña (Mirage)
• Bud Luckey (Rick Dicker)
• Brad Bird (Edna Moda)
• Bret Parker (Kari)
• John Ratzenberger (Underminer)
Nota: 6,0 (categoria/parâmetro: animação)

Uma divertida e inteligente animação, que em muitos aspectos foge do convencional, mas que também cai no erro da maioria dos filmes infantis ao possuir caráter doutrinário e moralizante.
Trata-se de um filme que começa excelente e termina péssimo.

-Começa excelente
A família Pêra, apesar de ser composta por super-heróis, se estrutura como uma típica família burguesa, dentro dos moldes tradicionais que são constantemente divulgados (incutidos) pela indústria cinematográfica e pela mídia, notadamente o marketing – fato este que, num primeiro momento, confere ao filme uma poderosa sátira, ácida e ao mesmo tempo muito divertida. Quando, devido a processos e mandatos judiciais – sátira à burocracia e ao sistema legal burguês – os super-heróis são proibidos de exercer seu super-heroísmo, os Pêra se convertem numa família aparentemente normal – sátira à aparente normalidade e estabilidade das famílias tradicionais –, um funcionário público explorado e infeliz pois tem que se submeter à corrupção, uma dona de casa, uma filha meio “gótica” que não consegue se integrar socialmente na escola, um filho “pirralho” que só apronta, e um bebê – sátiras, sátiras, sátiras. E ainda, uma sátira ao próprio super-herói endeusado tal qual o conhecemos; tal qual as crianças o conhecem.
Simbolicamente, o marido, infeliz com aquela estrutura onde foi involuntariamente inserido, busca o refúgio: não na bebida, no jogo ou nas mulheres, pois trata-se de um filme infantil, mas no exercimento ilegal de seu super-heroísmo. Todo esse modo inteligente de trabalhar um roteiro infantil que ao mesmo tempo que é subjetivamente crítico não é denso, pois possui a leveza, o humor o bom entretenimento de toda história pra criança, retrata uma animação pouco convencional, que não se limitou a reproduzir fórmulas da Disney.
Os Incríveis: uma divertida e inteligente animação, que entretém as crianças e proporciona humor hábil para os pais.

- Termina péssimo
“Papai e mamãe podem morrer! Ou pior ainda, podem se divorciar”. Frases como esta dita por Violeta, que dão o tom cômico indispensável às boas animações, também funcionam como mecanismo de transferência às mentes jovens ainda em formação o caráter majoritário, soberano e indiscutível da instituição familiar (esta que, como sabemos, é o pilar-base pra sociedade liberal democrática tal qual a conhecemos); é aquela história inevitável: essa estrutura social se torna tão óbvia e absoluta que sequer é possível imaginar algo diferente. “Estou junto com você, na saúde e na doença, lembra?” a Mulher-Elástica diz ao seu marido. Assim o contrato formal assinado durante a cerimônia burocrática do casamento se torna algo intrínseco. E o valor burguês representado pela família é fincado na mente das crianças sem qualquer pudor como algo absoluto acima de todas as coisas.

(Além disso, o desenvolvimento do enredo acaba mergulhando os personagens nos clichês dos super-heróis que estão aí para salvar o mundo, além de criar um vilão essencialmente mau cuja problemática psicológica é ignorada; assim, não damos qualquer relevância ao seu trauma que o tornou mau: só importa que ele seja mau.)
Se filmes doutrinantes, que incutem valores dominantes através de entrelinhas, já são em si uma safadeza, tornam-se uma covardia quando o público alvo são crianças, cuja concepção de mundo ainda está em formação. Infelizmente, tem sido esse o papel da indústria de animação de Hollywood desde A Branca de Neve e outras hipocrisias.
O papel de filmes infantis é essencialmente diverti-las, mas também auxiliar-lhes em seu primeiro contato com o mundo. E por “mundo” não se deveria ler “American Way of Life”. Até mesmo Violeta transmuta-se numa típica adolescente norte-americana.
Os Incríveis: uma animação banal de mocinho e bandido incrementada de moralismos. Mas diversão garantida para toda a família.


Prêmios:
Oscar 2005 (EUA) Venceu nas categorias de melhor filme de animação e melhor edição de som. Indicado nas categorias de melhor mixagem de som e melhor roteiro original. Globo de Ouro 2005 (EUA) Indicado na categoria de melhor filme - comédia / musical

MTV Movie Awards 2005 (EUA) Indicado nas categorias de melhor filme e melhor equipe (Craig T. Nelson, Holly Hunter, Spencer Fox e Sarah Vowell).

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