domingo, 28 de fevereiro de 2010

Preciosa - Uma História de Esperança


• título original:Precious: Based on the Novel Push by Sapphire
• gênero:Drama
• duração:01 hs 50 min
• ano de lançamento:2009
• site oficial:http://www.weareallprecious.com/
• estúdio:Lee Daniels Entertainment / Smokewood Entertainment Group
• distribuidora:Lionsgate / PlayArte
• direção: Lee Daniels
• roteiro:Geoffrey Fletcher, baseado em livro de Sapphire
• produção:Lee Daniels, Gary Magness e Sarah Siegel-Magness
• música:Mario Grigorov
• fotografia:Andrew Dunn
• direção de arte:Matteo de Cosmo
• figurino:Marina Draghici
• edição:Joe Klotz
• efeitos especiais:LOOK! Effects
elenco:
• Gabourey Sidibe (Claireece "Preciosa" Jonas)
• Mo'Nique (Mary)
• Rodney Jackson (Carl)
• Paula Patton (Sra. Rain)
• Mariah Carey (Sra. Weiss)
• Sherri Shepherd (Cornrows)
• Lenny Kravitz (Enfermeiro John)
• Stephanie Andujar (Rita)
• Chyna Layne (Rhonda)
• Amina Robinson (Jermaine)
• Xosha Roquemore (Joann)
• Angelic Zambrana (Consuelo)
• Aunt Dot (Tootsie)
• Nealla Gordon (Sra. Lichtenstein)
• Barret Helms (Tom Cruise)
• Kimberly Russell (Katherine)
• Bill Sage (Sr. Wicher)
• Sapphire
• Patty Duke
Nota: 6,2 (categoria/parâmetro: desigualdades sociais)

Preciosa escapa de uma lógica quase determinista da temática cinematográfica: rico tem problema psicológico, pobre tem problema prático (como se não tivessem mente, inconsciente ou coração). Claireece não é uma personagem rasa, apresentando alguma vida interna por baixo dos problemas sociais típicos (e acumulados) que lhe afligem. Mas ainda mais profunda é sua mãe, uma personagem complexa, interpretada por Mo'Nique, uma atriz excelente, que mostra uma profundidade dramática e psicológica muito intensa e comovente nas últimas cenas.
O filme também ganha ponto desmascarando as assistências sociais, vistas por muitos como solução para as desigualdades sociais, quando são na realidade tapete sob o qual se joga as poeiras.
Contudo não é um filme que aponte o cerne do problema. Ele retrata o problema, mas não menciona seu motivo. Usa-se uma família como exemplo da miséria. Então, acumula-se nessa família todas as misérias, conseguindo assim um choque bastante intenso para o telespectador. Há a desigualdade social, pois são bem pobres. Há a segregação racial, pois é uma típica família negra do Harlem. Há o estupro pelo pai – aqui até melhor encarnado do que um Almodóvar renomado, Volver –, a saúde precária, a menina gorda que não se adapta socialmente. Há doenças (Síndrome de Down e AIDS). Todos os problemas sociais acumulados numa mesma família – o que é mesmo um tanto apelativo –, sendo ela um microcosmo representante de toda uma realidade. Mas qual a origem de tudo isso? Cadê a dimensão crítica do filme? Não há. O filme não quer proporcionar reflexão, mas piedade. E pior ainda, esperança. Ao mesmo tempo que o filme critica as assistências sociais, ele próprio joga a poeira pra baixo do tapete.
Entre transmitir pouco sobre muitos temas, mais vale transmitir muito sobre poucos. Parece que o filme cai no erro de alguns clássicos da escola literária naturalista, como O Cortiço de Aluízio Azevedo. Preciosa retrata muitos problemas, na sua forma crua – sem idealização –, e equilibra todos de modo hábil para que nenhum se perca e todos se mostrem relevantes, mas não acrescenta muita coisa sobre nenhum deles.
Apenas mostrar não causa muita reação porque todos já sabem tudo aquilo: o público apenas mastiga as misérias como se assistindo jornal; logo esquecem e conversam sobre outra coisa. Daí a necessidade de se mostrar a causa: causar reação, transformar o público passivo em ativo.
Soma-se uma bonita trilha sonora de jazz norte-americana, que se encaixa perfeitamente ao contexto retratado, e tem-se um filme razoável. Apesar de Preciosa não ser um filme perfeito, se destaca dentre a lista de pérolas hollywoodianas que concorrem ao Oscar de melhor filme; sem dúvida é uma candidata merecedora.

Crítica feita em 16/02/2010



Prêmios:

67º Globo de ouro
Melhor atriz coadjuvante (Mo'Nique) - Vencedor

16º Screen Actors Guild Awards
Melhor atriz coadjuvante - (Mo'Nique) Vencedor

Bafta (British Academy of Film and Television Arts)
Vencedor melhor atriz coadjuvante para Mo'Nique
Indicado como melhor filme
Indicado como melhor atriz para Gabourey Sidibe

Preciosa está concorrendo a seis Oscar. As devidas atualizações serão feitas após a entrega dos prêmios, que ocorrerá em 7 de março
As indicações são: Melhor filme, Melhor atriz (Gabourey Sibide), Melhor atriz coadjuvante (Mo'Nique), Melhor diretor (Lee Daniels), Melhor edição e Melhor roteiro adaptado


Preciosa gahou o prêmio de melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado

2 comentários:

  1. Vo comentar 3 em 1 pelo puro principio da preguiça.

    Bastardos inglorios me deixou interessada, embora não desperte em mim nada muito grande. Talvez seja pelo seu carater, como você disse, animal, bruto. Nunca me indentifiquei muito com esse lado humano. Estou mais para House que para Bill, se é que me entende. Vejo as intenções egoistas, crueis por tras das pessoas, e sou assim, sabe que sou, mas não sou bruta. Enfim, é um filme no final de tudo interessante, bem melhor que Kill Bill, se me permite.

    Amor sem escalas não merece comentario. Eu adoro. é o tipo de filme que eu gosto de ver domingo a tarde pra esquecer das merdas do mundo. e eu realmente esqueço das merdas por algumas horas. Por isso pra mim o filme realiza aquilo que quer, atingindo seu objetivo.

    Preciosa é um filme que me intriga. Por tudo o que você disse e mais. Mais por ser um filme com sentido, embora realmente não aprofunde o tema como deveria, e por não mudar nada em nós ao final.
    O filme me intriga por isso. porque depois de tão bem desenvolvido, apagar a chama logo no final? poderia ser um filme excelente se ao final saissemos revoltados querendo mudar o mundo. e no entanto isso não ocorre. Triste.
    e eu não concordo. 6,2? Pelo menos uns 6,9 ou um 7. HAHAHAHAHA

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  2. Preguiçosa!

    Bastardos Inglórios: você definitamente não é uma pessoa bruta (acho que eu também não hehehe), mas nós estamos bem longe do "homem primitivo" (o de Thomas Robbes, claro)
    Tenho minhas dúvidas se é melhor que Kill Bill. Farei uma crítica sobre ele em breve!

    Amor sem Escalas: o filme realiza aquilo que quer: vender. Fazer as pessoas se sentirem bem despretensiosamente é a melhor forma de ganhar dinheiro

    Preciosa: concordo com tudo o que você falou!

    Obrigado por participar e ler e comentar! Amo você!

    Prometo postar mais textos em breve!

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