domingo, 28 de fevereiro de 2010

Bastardos Inglórios





• título original:Inglourious Basterds
• gênero:Guerra
• duração:02 hs 33 min
• ano de lançamento:2009
• site oficial:http://www.inglouriousbasterds-movie.com/
• estúdio:The Weinstein Company / Universal Pictures / A Band Apart / Zehnte Babelsberg
• distribuidora:The Weinstein Company / Universal Pictures / UIP
• direção: Quentin Tarantino
• roteiro:Quentin Tarantino
• produção:Lawrence Bender
• música:
• fotografia:Robert Richardson
• direção de arte:Marco Bittner Rosser, Stephan O. Gessler, Sebastian T. Krawinkel, Andreas Olshausen, David Scheunemann, Steve Summersgill e Bettina von den Steinen
• figurino:Anna B. Sheppard
• edição:Sally Menke
elenco:
• Brad Pitt (Tenente Aldo Raine)
• Mélanie Laurent (Shosanna Dreyfuss)
• Eli Roth (Sargento Donny Donowitz)
• Christoph Waltz (Coronel Hans Landa)
• Michael Fassbender (Tenente Archie Hicox)
• Diane Kruger (Bridget von Hammersmark)
• Daniel Brühl (Fredrik Zoller)
• Til Schweiger (Sargento Hugo Stiglitz)
• Gedeon Burkhard (Wilhelm Wicki)
• Jacky Ido (Marcel)
• B.J. Novak (Smithson Utvich)
• Omar Doom (Omar Ulmer)
• August Diehl (Major Dieter Hellstrom)
• Denis Menochet (Perrier LaPadite)
• Sylvester Groth (Joseph Goebbels)
• Martin Wuttke (Adolph Hitler)
• Mike Myers (General Ed Fenech)
• Julie Dreyfus (Francesca Mondino)
• Richard Sammel (Sargento Werner Rachtman)
• Rod Taylor (Winston Churchill)
• Léa Seydoux (Charlotte LaPadite)
• Tina Rodriguez (Julie LaPadite)
• Lena Friedrich (Suzanne LaPadite)
• Maggie Cheung (Madame Mimieux)
• Samuel Jackson (Narrador)
• Cloris Leachman (Sra. Himmelstein)
• Samm Levine (Gerold Hirschberg)
Nota: não tenho a menor idéia, mas vá lá:
8,0(parâmetro/categoria: ação)

Alguns diretores continuam sempre os mesmos. De um lado isso é bom, pois significa que não traem seus princípios, não se vendem. De outro lado pode ser ruim, pois significa alguma estagnação em seu amadurecimento como artista.
Quem vê os Tarantinos Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Kill Bill ou Bastardos Inglórios (obras importantes citadas cronologicamente), vê Tarantinos muito parecidos. Sempre essa mistura tênue e bem articulada entre o cult e o pop, o artístico e o comercial. Se de um lado não há muito conteúdo, se os seus filmes não exatamente acrescentam algo ao espectador, também ao mesmo tempo não podem ser denominados entretenimento, não estão enquadrados nos padrões do gênero. Mesmo assim esse toque de algo que não sabemos o que é faz sempre com que gostemos. Gostemos de quê?
Bastardos Inglórios é totalmente inverossímil. E mais do que inverossímil, escapista. É o sonho jamais realizado não apenas dos judeus caçados na Segunda Guerra, mas de todos os povos inferiorizados e explorados de todos os tempos. É a projeção nas telas de tudo de utópico que ferve no sangue humano. A vingança como lei: o Código de Hamurabi, o código escrito mais primitivo e rudimentar, por isso mesmo menos racional e mais humano. É a inversão não da pirâmide social, mas da cadeia alimentar. O Hitler metralhado no final – com uma precisão histórica fiel e minuciosa – é a concretização final de tudo isso.
Bastardos Inglórios é a negação de toda a moral burguesa cristã, do perdão – se lhe batem numa face ofereça a outra –, da ética, do código penal, da honra, etcs. É a negação de todo e qualquer contrato formal; é o ser humano puro e intrínseco como ele o é, em sua origem – e não em sua origem bíblica, mas sua origem cavernosa –, animal, bruto, emotivo, não apenas sentimental mas emotivo, emotivo beirando o explosivo; ou mesmo explodindo. É o ser humano sem contratos sociais, sem sistemas, sem máscaras, sem moldes. O ser humano primitivo. O ser humano que já não existe mais.
É isso que agrada nos filmes de Tarantino. Vermo-nos sem qualquer pudor, censura, vermo-nos desnudos. Ver o que nunca nos foi permitido ser; e talvez por um momento sentir que o somos. Tarantino é escape.
É escape sem ser romântico, sem ser entretenimento, pois se não está inserido na lógica burguesa, mais do que isso, é totalmente inerente a ela, como foi mostrado. É um escapismo ao inverso. O romantismo clássico nos levava a um tempo idealizado. Mas hoje vivemos num tempo idealizado – com todas as instituições e morais burguesas operando em perfeita ordem e submetendo todo o comportamento humano ao padrão julgado ideal. Tarantino nos leva à desidealização do mundo. Românticos e refinados? Somos animais.
E gostamos de ser animais. Esse animal aprisionado dentro de nós é liberto durante um filme de Tarantino. Seja matando Bill ou nazistas.
Assim Tarantino sempre foi o que é, e provavelmente sempre o será. Ele não é um artista que constrói em seus filmes reflexões ou teias complexas de sentimentos, não é um idealista; não tem o que amadurecer. Tampouco é um artífice do cinema industrial em busca de vender a moral burguesa para as massas. Assim, ironicamente, ele consegue uma proeza quase impensável: admiração de ambos, dos intelectuais e das massas. Todos saem de casa para ver sua visão única e tipicamente tarantina da Segunda Guerra – com direito a muita violência (intensa mas banalizada), descaso com a cronologia dos fatos, diálogos extensos e progressivos intensamente, habilmente construídos, trilha sonora nenhum pouco convencional contudo precisa, humor negro e referências pop; tudo isso suas marcas registradas.
Um candidato valioso para o Oscar. Não é o melhor filme do mundo; mas inevitavelmente agradará a todos.

Crítica feita em 17/02/2010


Prêmios:

GLOBO DE OURO
Venceu como melhor ator coadjuvante para Christoph Waltz
Indicado para Melhor Filme Dramático, Melhor Diretor e Melhor Roteiro

BAFTA
Venceu como Melhor Ator Coadjuvante
Indicado para Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhor Direção de Arte

Cannes
Venceu como Melhor Ator para Christoph Waltz
Indicado para Palma de Ouro

Bastardos Inglórios recebeu oito indicações para o Oscar 2010. As devidas atualizações serão feitas após o festival, que ocorrerá dia 7 de março.
As indicações são: Melhor Filme, Melhor Diretor para Tarantino, Melhor Ator Coadjuvante para Christoph Walts, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia (Robert Richardson), Melhor Edição (Sally Menke), Melhor Edição de Som (Wylie Stateman), Melhor Mixagem de Som (Michael Minkler, Tony Lamberti e Mark Ulano)

Vencedor: Melhor ator coadjuvante para Christoph Waltz

5 comentários:

  1. Acho o Tarantino um excelente diretor de elenco, vejo ele em todos os atores em suas atuações. Imagino que ele extraia o melhor (no caso, o pior) de cada um. É o que faz de seus filmes tão especiais. Torço muito pelo oscar de ator coadjuvante para Christoph Waltz. Que diga-se de passagem não teve nada de coadjuvante, o filme todo se passa em torno da sua personagem. Maravilhosa atuação, é o que faz valer a pena apreciar um bom cinema.

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  2. Agora pare e imagine o Tarantino dirigindo um filme baseado em um romance do Nelson Rodrigues.
    Seria a mostra perfeita de tudo de pior, mais sujo, puro e humano que o ser humano possui dentro de si.
    Pense nisso...

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  3. Nossa! Imaginei por poucos segundos e já me corroeu
    É a combinação mais nua e crua possível de ser feita
    Acho que Nelson Rodrigues não fez romances, mas imaginei o Tarantino adaptando uma peça... tipo Vestido de Noiva

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