domingo, 21 de fevereiro de 2010

Um violinista no telhado


Direção: Norman Jewison (Curiosidade: ele foi chamado pra dirigir porque os executivos do estúdio achavam que fosse judeu, mas ele não é)
Roteiro: Sholom Aleichem (livro), Joseph Stein (peça teatral e roteiro)
Gênero: Drama/Musical
Origem: Estados Unidos
Duração: 181 minutos

Elenco
Topol (Tevye)
Norma Crane (Golde)
Leonard Frey (Motel Kamzoil)
Molly Picon (Yente)
Paul Mann (Lazar Wolf)
Rosalind Harris (Tzeitel)
Michele Marsh (Hodel)
Neva Small (Chava)
Paul Michael Glaser (Perchik)

Nota: impessoal: 10
pessoal: 7,3
(parâmetro/categoria: musical)

O filme com a abertura mais linda e emocionante de todos os tempos!

Um musical que acerta em todos os pontos. Uma abordagem leve, mas que não é ingênua – escapando ao erro tentador de grande parte dos musicais. Entretém, como qualquer bom musical: coreografias lindíssimas, músicas entre o belo e o divertido interpretadas por cantores magistrais, com destaque para Topol, que interpreta Tevye; cenários exuberantes. Também traz temas profundos, analisando até que ponto a tradição é capaz de interferir na liberdade. O mesmo propósito de outro filme fantástico, Lavoura Arcaica, de Luis Fernando Carvalho, embora a abordagem seja totalmente diferente: este introspectivo, intelectualizado, até tétrico; Um Violinista no Telhado extrospectivo, exuberante, ostentador, eufórico. Ambos se utilizam de metáforas e têm um viés que acaba se mostrando pessimista. Ambas as abordagens são intrinsecamente válidas e, embora eu me identifique mais com Lavoura Arcaica, isso é absolutamente pessoal, não tirando de modo algum o mérito deste filme. Ao seu modo, e com grande êxito, ele explora esse tema que é tão essencial na vida humana: a liberdade.
Esse conflito entre tradição (representada pelos costumes judaicos) e liberdade (representada pelo violinista que toca no telhado, sem estabilidade alguma) é aprofundado num desenvolvimento em que vai se abdicando da tradição em favor da liberdade, até que, num caso extremo, a tradição se torna mais forte, e a filha do meio de Tevye é proibida de casar com um não-judeu. Mostrando que, por mais que se tirar os galhos dessa árvore que é a tradição, o tronco está enraizado no subterrâneo mais profundo. E, ao final, ambos, tradição e liberdade, são esmagados por algo maior, um poder autoritário, uma simples ordem de despejo do czar, este que é mencionado no filme inteiro sem que nunca o vejamos, e cujo motivo da ordem nem nós, nem os judeus expulsos, nem o soldado que os expulsou nunca saberá qual seja. Isso está além da vontade homem, e é irremediável, é absoluto: Tevye tem uma atitude de coragem, ameaça o soldado, resiste a sair de sua propriedade, mas no final não tem jeito. O czar é mais forte que Jeová, e é mais forte que o anseio por liberdade que há no peito de todos nós.
O que resta, ao final, é uma família viajando para Nova York sem a filha do meio, a qual Tevye considera morta, e com um violinista anônimo acompanhando-os, simbolizando, talvez, que a tradição já deixou suas perdas, mas a liberdade ainda poderá proporcionar algumas vitórias.


Paralelos:
O contexto histórico de opressão de uma comunidade inofensiva por um poder absoluto e autoritário possui muitos paralelos ao longo da História. Do mesmo modo, “Um violinista no telhado” faz paralelos com outros filmes que retratam situação semelhante.

Entre eles, destaca-se o fantástico filme romeno “Casamento Silencioso” (foto), de 2009, do diretor estreante Horatiu Maleale, ambientado em 1953, quando da morte do líder psicopata da União Soviética, Joseph Stálin. A cerimônia de casamento interrompida pelas autoridades que vão ao vilarejo anunciar luto nacional pela morte do ditador lembra vagamente a cena de “um violinista...” em que o casamento da filha mais velha é interrompido pelas autoridades do czar (embora o oficial fosse amigo de Tevye e também tampouco soubesse o motivo de ter que destruir o local).


Prêmios:

Oscar 1972 (EUA)

Venceu nas categorias de melhor fotografia, melhor som, melhor direcção de arte e melhor banda sonora adaptada.[1]
Nomeado nas categorias de melhor filme, melhor actor e melhor actor secundário.
Globo de Ouro (EUA)

Venceu nas categorias de melhor filme - comédia / musical e melhor ator - comédia / musical.
Indicado nas categorias de melhor diretor - cinema e melhor ator coadj
*Globo de Ouro (EUA)

Venceu nas categorias de melhor filme - comédia / musical e melhor ator - comédia / musical.
Indicado nas categorias de melhor diretor - cinema e melhor ator coadjuvante - cinema.
BAFTA 1972 (Reino Unido)

Indicado nas categorias de melhor fotografia, melhor edição e melhor som.
Prêmio David di Donatello 1972 (Itália)

Venceu na categoria de melhor ator estrangeiro (Topol).

2 comentários:

  1. minha maior duvida é como você consegue chegar a notas como 7,3. quer dizer, mais quebrado que isso so dizendo : 7,359 --'
    hahahaha

    Heeei. eu tava vendo sua critica ao Perfume de mulher - que por um acaso é um filme que eu gosto muito - e lembrei de um outro. Cine Majestic. veja-o, é um filme muito interessante, e muito surpreendente, já que o ator principal é o Jim Carrey e o filme não é uma comedia porcaria, mas sim um drama bem interessante.

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  2. eu explico!
    eu coloco notas quebradas por questão de ranking. Por exemplo, esse filme é melhor do que um certo filme de nota 7,0 e pior do que um filme q dei nota 7,5. Qual a sua nota? 7,3! Compreendes?

    Já assisti Cine Majestic. Eu sou contra certos preconceitos contra o Jim Carrey, porque ele fez filmes bons. Outro exemplo é O Show de Truman. E também "brilho eterno...", que ganhou um texto aqui no blog!
    Mas não gostei do final do Cine Majestic. Mais ou menos a mesma crítica de Perfume de Mulher

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